sexta-feira, 7 de março de 2008

O nascimento da Filosofia

Nascimento da Filosofia
Geovana Alves de Freitas
[1]

Os povos primitivos explicavam todos os fenômenos, todos os problemas através da mitologia. O mito é o primeiro passo no processo de compreensão dos sentimentos religiosos mais profundos dos homens, ele também garante o sentido de pertença a um grupo social. O mito exerce uma função semelhante à filosofia, enquanto representa o modo de auto-compreender-se dos povos primitivos, ou seja, semelhante na busca pela verdade.
A filosofia surge porque o mito já não consegue mais responder às suas perguntas, já não explica o mundo e homem precisa ir além da simples imaginação. Diante dessa realidade, por volta do ano 800 a. C a 500 a.C. nasce a filosofia. Filosofia é uma palavra de origem grega que significa literalmente “amigo da sabedoria” (philos sophias). Esse termo foi inventado por Pitágoras, que certa vez, ouvindo alguém chama-lo de sábio e considerando este nome muito elevado para si mesmo, pediu que o chamassem de filósofo, isto é amigo da sabedoria.
Todos os autores concordam em afirmar que a civilização grega foi a primeira a elaborar uma forma de pensamento que se desvincula das explicações mitológicas e religiosas e passa para uma investigação científica e racional. A filosofia favoreceu o pensamento abstrato dedicado à busca do princípio e da essência das coisas.
Entre os séculos VII e V a. C surgiram os primeiro pensadores que dão expressão filosófica ao problema da existência de uma causa suprema de todas as coisas, são os filósofos jônios: Tales, Anaximandro, Anaxímenes, todos de Mileto, na Ásia Menor.

Escola Jônica
Tales de Mileto, matemático e astrônomo, é considerado o pai da filosofia grega e de toda a filosofia ocidental. Ele é o primeiro pensador que expressa sistematicamente a pergunta: “Qual é a causa última, o princípio supremo de todas as coisas?” A essa pergunta ousada, diante do quadro da multiplicidade infinita, Tales responde que, entre os quatro elementos: água, terra, ar e fogo, a água é primordial e tem primazia sobre os outros. E conclui que a água é o princípio do qual se originam todas as coisas.
Anaximandro, matemático astrônomo e filósofo, nascido um pouco depois de Tales. Para ele o princípio de todas as coisas, o elemento primordial, não pode ser uma coisa determinada como a água, a terra, o ar e o fogo, porque o que se quer explicar é a origem destas coisas determinadas. O princípio primeiro deve ser alguma coisa indeterminada, o apeíron.
Anaxímenes, discípulo de Anaximandro, põe como princípio primordial de todas as coisas o ar. Do ar procedem todos os outros elementos e, por conseqüência todas as coisas.
Depois da Escola Jônica, destacamos os filósofos mais importantes:
Pitágoras, que diz que o princípio de todas as coisas é a mônada; dela procede a díada indeterminada, que serve de substrato material à mônada, que é a sua causa.
Heráclito, que a partir da experiência do devir afirmou que: tudo é vir-a-ser, tudo muda, tudo se transforma; ele dá como princípio o fogo. E a lei que regula os movimentos ascendentes e descendentes e causa a ordem e a harmonia das coisas é o logos.
Parmênides, o núcleo central de seu pensamento é constituído pela distinção radical entre o ser e o não-ser e pela afirmação da exclusiva realidade do ser.
Empédocles, o devir é possível não pela transformação dos elementos, mas pela formação de seres diferentes mediante a diversa combinação dos elementos. O devir é causado pela luta entre duas forças primordiais: o amor e o ódio. O amor une os elementos e mantém a unidade; o ódio os divide e separa.
Demócrito, afirma que o ser é constituído por átomos que são partículas indivisíveis e invisíveis, eternas e imutáveis; não tem qualidades, exceto a impenetrabilidade; diferem entre si somente pela figura e pela dimensão.
Anaxágoras, para ele o devir é possível porque cada corpo contém elementos dos outros corpos. A causa do devir é dupla: o movimento giratório e a Mente Suprema. Desta última dependem a harmonia e a ordem.

Sofistas
A sofística é um movimento de idéias que se desenvolvem no mundo grego durante o século V a.C. Os sofistas não têm uma posição geográfica definida. A sofística surge como uma exigência de uma verificação da capacidade cognitiva do homem, seu interesse é humanístico e gnosiológico.
Os sofistas ensinavam a seus discípulos que não pode haver conhecimento verdadeiro, mas só um conhecimento provável, por causa de sua origem sensível, e que não existe uma lei mora, absoluta, mas somente leis convencionais. O fim supremo da vida é o prazer: esta é a última meta apropriada à dimensão empírica do conhecimento humano. Os maiores representantes sofistas são Protágoras e Górgias.
O que abordamos até agora de forma sintética, foi o nascimento da filosofia, porém, a filosofia tem mais de 700 anos de história, que percorre a Idade Antiga, Medieval, Moderna e Contemporânea. A filosofia trouxe aos homens a luz, o conhecimento da verdade, ou melhor, a busca pela verdade, e como o homem é um ser insaciável em suas buscas, a filosofia está longe de extinguir-se. Pode-se dizer, que enquanto houver um ser humano sobre a terra, que se questiona sobre a existência e sobre o mundo que o rodeia, aí estará viva a Filosofia.


[1] Graduanda no Curso de Licenciatura em Filosofia na PUCPR.

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